quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O universo em desencanto de Tim Maia

Cinebiografia do polêmico cantor, dirigida por Mauro Lima, retrata a ascensão, a queda e o renascimento de um dos maiores nomes da música brasileira

Editora Globo (Foto: Divulgação)
Depois de ser sucesso em livro, na biografia Vale Tudo, escrita pelo jornalista Nelson Motta, e no teatro, com o musical que elevou o ator Thiago Abravanel ao estrelato, a vida e a obra de Tim Maia, um dos maiores cantores da música brasileira, finalmente chegam ao cinema. Estreia nesta quinta (30) Tim Maia, de Mauro Lima (Meu nome não é Johnny), cinebiografia que narra os altos e baixos de Tim.
Tim Maia, o filme (Foto: Paprica Fotografia/ divulgação)
O longa passa por diversas fases da vida deste carioca nascido Sebastião Maia, desde a adolescência na Tijuca até a morte em Niterói. Figura tão polêmica quanto carismática, ele é interpretado na telona por Robson Nunes (Tim na adolescência) e Babu Santana (que vive a fase adulta do cantor). Ambos deram corpo – tiveram que engordar para o papel – e voz a Tim – eles também cantam em algumas cenas do filme.
Editora Globo (Foto: Divulgação)
Para quem não leu o livro e não viu o musical, talvez seja uma surpresa descobrir que, no final dos anos 1950, Tim Maia era amigo de Roberto Carlos (com quem teve uma banda, Os Sputniks), Erasmo Carlos e Jorge Bem (atual Jorge Benjor). Assim, o jovem Tim (na época ainda chamado de Tião Maia) começou na música, pelas mãos de Carlos Imperial (Luis Lobianco), que tinha um programa de rock na televisão.
Tim Maia, o filme (Foto: Paprica Fotografia/ divulgação)
A partir daí, a vida do cantor e compositor foi repleta de momentos contraditórios. O envolvimento com drogas, as prisões e o temperamento explosivo aparecem com destaque no filme, que foca, principalmente, no período que vai até os anos 1970. Nessa fase, Tim foi do céu ao inferno graças à seita que resolveu adotar –  a Cultura Racional –, a qual rendeu dois discos emblemáticos, baseados no livro O Universo em Desencanto. Considerados esquisitos para muitos naquela época, hoje são tidos como obras-primas.
Editora Globo (Foto: Divulgação)
O lado pessoal de Tim Maia, como o conturbado relacionamento com a esposa Janaína (Alinne Moraes) e a amizade com seus músicos também aparece, especialmente o amigo Fábio (Cauã Reymond), que é o narrador do filme.
 Curiosamente, a fase em que Tim gravou músicas extremamente populares compostas pela dupla mais famosa dos anos 1980 – Michael Sullivan e Paulo Massadas – não é apresentada. Sucessos como Me Dê Motivo e Um Dia de Domingo não estão na trilha sonora. Segundo o diretor Mauro Lima, não apresentar esse período foi proposital. “O Tim tem uma biografia com muita vocação para filme... ele foi preso, roubou carro... se fosse pegar a vida toda teria de fazer uma série. E o Tim dos anos 80 é aquele que não ia nos seus shows, que arrumava confusão, e isso todo mundo já sabe. Por isso preferi mostrar a adolescência, o auge, a queda e o renascimento dele. Pensei no que o grande público acharia curioso de saber sobre aquele artista”, explicou o cineasta, em coletiva após a exibição do filme para a imprensa.

A produção tem direção de arte e figurino impecáveis, que remetem com perfeição as décadas de 1960 e 1970. A fotografia é outro destaque – o filme começa em preto e branco e, à medida que a vida do cantor vai mudando, ganha cor, indo dos tons pasteis (no começo da carreira) aos vibrantes (no auge do sucesso). Um trabalho interessante em que a imagem acompanha a evolução do personagem. A trilha sonora, obviamente, é a melhor, pontuando com muito merecimento o fato de Tim Maia ser o pioneiro do soul e da black music no Brasil.
Editora Globo (Foto: Divulgação)

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