quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Cinco guitarras (e seus donos) que mudaram a história do rock




Fender Stratocaster 1968 - Jimi Hendrix
Jimi Hendrix (Foto: reprodução)

Jimi Hendrix está para a guitarra assim como Pelé está para o futebol. Sua intensidade ao tocar era tão grande que vários de seus instrumentos acabaram na lata de lixo após serem destruídos e até queimados. Mas um exemplar em particular era tratado com bastante carinho: uma Fender Stratocaster branca comprada nova em 1968. Foi com ela que Jimi fez o histórico show em Woodstock, em 1969, tocando o hino americano de um jeito que faria Abraham Lincoln ter um ataque epilético dentro do túmulo.

A guitarra acompanhou o músico em inúmeros gravações e shows - inclusive na última apresentação de sua vida, no Festival da Ilha de Fehmarn, na Alemanha, apenas doze dias antes de sua morte, em 18 de setembro de 1970. No intervalo entre este show e a overdose que o vitimou, Jimi presenteou Mitch Mitchell (baterista da banda Experience) com a sua guitarra preferida - algo que hoje certamente soa simbólico.


Mitchell conservou a Strato branca até 1990, quando resolveu leiloá-la pelo então astronômico valor de 198 mil libras. A soma, porém, pareceria troco de pinga três anos depois, quando Paul Allen, um dos fundadores da Microsoft, arrematou o instrumento por US$ 1,3 milhão.
Gibson Les Paul 1959 "Number One" - Jimmy Page
 Jimmy Page (Foto: reprodução)

"Frankenstrat" -  Eddie Van Halen
Van Halen (Foto: reprodução)


Jimi Hendrix está para a guitarra assim como Pelé está para o futebol. Sua intensidade ao tocar era tão grande que vários de seus instrumentos acabaram na lata de lixo após serem destruídos e até queimados. Mas um exemplar em particular era tratado com bastante carinho: uma Fender Stratocaster branca comprada nova em 1968. Foi com ela que Jimi fez o histórico show em Woodstock, em 1969, tocando o hino americano de um jeito que faria Abraham Lincoln ter um ataque epilético dentro do túmulo.

A guitarra acompanhou o músico em inúmeros gravações e shows - inclusive na última apresentação de sua vida, no Festival da Ilha de Fehmarn, na Alemanha, apenas doze dias antes de sua morte, em 18 de setembro de 1970. No intervalo entre este show e a overdose que o vitimou, Jimi presenteou Mitch Mitchell (baterista da banda Experience) com a sua guitarra preferida - algo que hoje certamente soa simbólico.


Mitchell conservou a Strato branca até 1990, quando resolveu leiloá-la pelo então astronômico valor de 198 mil libras. A soma, porém, pareceria troco de pinga três anos depois, quando Paul Allen, um dos fundadores da Microsoft, arrematou o instrumento por US$ 1,3 milhão.

Gibson Les Paul 1959 "Number One" - Jimmy Page 
Jimmy Page (Foto: reprodução)

"Ela virou minha esposa e minha amante... sem pensão!", diz Jimmy Page a respeito da Les Paul 1959 que ele adquiriu em 1969. O instrumento foi oferecido por Joe Walsh, futuro guitarrista dos Eagles. Quando se pôs a tocá-la, Page imediatamente se apaixonou pelo braço mais fino e elíptico, moldado após um lixamento, pela robustez (comprovada após 44 anos de uso) e pelo som firme e encorpado que iria marcar presença em todos os álbuns do Led Zeppelin a partir de então. 


Page continua usando esta guitarra tanto em turnês como em estúdio, e gosta tanto do exemplar que resolveu encomendar uma réplica perfeita, com as mesmas modificações da Number One, e que obviamente acabou batizada de Number Two. Ambas acabaram recriadas pela própria Gibson e produzidas em série limitada.  

"Frankenstrat" -  Eddie Van Halen
Van Halen (Foto: reprodução)

No começo de 1978, os ouvídos dos fãs de música foram perfurados por Eruption, um solo de guitarra que inovava não apenas na técnica de tapping do guitarrista Edward Van Halen, mas também no timbre de distorção com peso e definição que todo instrumentista passou a invejar. A surpresa aumentou ainda mais quando descobriram que Eddie havia feito tudo isso tendo em mãos uma verdadeira gambiarra.


A chamada "Frankenstrat" era uma junção de componentes baratos, unidos de maneira rústica mas ao mesmo tempo genial. Corpo e braço, por exemplo, foram comprados por apenas US$ 130.
Frankenstrat (Foto: reprodução)
A ponte com microafinação, trava e alavanca de trêmolo viraria um item bastante popular entre os roqueiros, e os captadores originais foram arrancados, deixando buracos vazios e um visual detonado que acabou virando marca registrada, junto com a pintura vermelha com listras brancas e negras - a Fender faria réplicas idênticas muitos anos depois, e elas já valem acima de US$ 25 mil no mercado atual.  

Red Special - Brian May
Brian May (Foto: Getty Images)
Às vezes não basta ser um gênio musical para criar um instrumento próprio. É preciso algo mais - como um pai mestre em eletrônicos capaz de construir TVs e rádios a partir de itens descartados como sucata. Foi o caso de Brian May, guitarrista do Queen.

Com situação financeira não muito saudável, em meados da década de 1960 ele e seu pai decidiram construir uma guitarra única. Aproveitaram o mogno da moldura de uma lareira e o carvalho de uma velha mesa de jantar para construir o corpo e o braço, além de peças de motocicleta e de costura (da mãe) para outros mecanismos. Já a parte elétrica - especialidade do senhor Harold May - possibilitou variações de timbre até então inéditas no rock, tanto que nos primeiros discos a banda fazia questão de explicar que, ao contrário do que parecia, não havia sintetizadores nas músicas, apenas a espantosa guitarra de May.
Brian usou a "Red Special" por mais de trinta anos em shows e gravações, até que ela literalmente começou a se despedaçar devido à idade. Foi quando um luthier australiano o convenceu de que poderia fazer réplicas perfeitas do instrumento - outras fabricantes como a Guild já haviam tentado produzir cópias autorizadas, sem a mesma complexidade da original. O guitarrista gostou tanto do resultado que resolveu produzir e comercializar uma linha própria de réplicas - além de garantir pelo menos três exemplares para si, como fundo de reserva. 


Regvlvs Raphael - Sérgio DiasSérgio Dias (Foto: Divulgação)
Se Brian May teve a ajuda do pai para construir sua própria guitarra, o brasileiro Sérgio Dias tinha dentro de casa o irmão Cláudio César Dias Baptista, uma mistura radical de cientista, engenheiro, músico e escritor que sempre foi considerado o quarto integrante dos Mutantes originais (junto com Sérgio, Arnaldo Baptista e Rita Lee). 

Cláudio buscou atentder o pedido do amigo Raphael Vilardi, o qual lhe solicitou "A melhor Guitarra do mundo". Para isso, ele se baseou no estudo da acústica dos violinos Stradivarius. A parte eletrônica também era inigualável para a época, com timbres e efeitos que tornaram os Mutantes uma eterna referência em psicodelia e busca de novos sons. 
Além da qualidade, a chamada Regvlvs Raphael (criada originalmente para o guitarrista Raphael Vilardi, adotada por Sérgio Dias e depois fabricada em quantidades bem pequenas sob encomenda) tem também uma história inusitada. Uma placa de ouro traz inscrições que revelam uma "maldição" para qualquer um que tentar se apropriar dela indevidamente. Na década de 90, o instrumento seria roubado de Sérgio Dias, mas quando o comprador/receptor encarou a mensagem, resolveu devolvê-la ao músico. 
Fonte: GQ

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