sexta-feira, 10 de outubro de 2014

MÚSICA, O REMÉDIO DA ALMA

Jordi Savall: "A música traz a emoção do momento"

O músico catalão acha que o mundo vive uma crise cultural e, ao recuperar a obra de compositores antigos, defende que a música pode recuperar o sentimento de épocas passadas

FILLIPE MAURO
Desde a década de 1970, o músico catalão Jordi Savall navega contra a maré de sua geração. Quando vários compositores buscaram novas estéticas e pregaram a ruptura com a harmonia clássica, ele preferiu se embrenhar na cultura musical da Europa antiga. Recuperou dos mosteiros e palácios barrocos a viola da gamba, tataravó sofisticada do violão. Compositores como Marin Marais e Jean-Baptiste Lully, nomes esquecidos das cortes francesas, devem a ele seu retorno às salas de concerto. Seu maior reconhecimento veio em 2012, com o prestigioso prêmio dinamarquês Léonie Sonning. A ÉPOCA, Savall criticou o desprezo pela cultura e disse que a música antiga nunca foi tão apreciada. Ele virá ao Brasil em outubro, para um concerto do Festival Mimo em Tiradentes, reduto do barroco mineiro.
PRESENTE O músico Jordi Savall. “A música existe apenas no momento em que cantamos e tocamos” (Foto: Quim Llenas/Cover/Getty Images)
Savall – Antes de mais nada: onde as armas atiram, a música não funciona. Para que seja eficaz, é preciso primeiro parar de lançar bombas. Numa situação conflituosa, a música é capaz de acalmar os ânimos. Tivemos essa experiência em vários pontos do mundo. Unimos músicos israelenses e palestinos, turcos e armênios, sérvios e bósnios. Foi maravilhoso! Num primeiro momento, isso foi complicado, porque havia reserva e tensão. Depois se tornaram grandes amigos. Quando um músico vê outro músico fazendo boa música, passa a sentir admiração e respeito para além de sua nacionalidade.  
"A música é uma forma de dizer que não concordamos com esta forma selvagem de vida"
Fonte: Época

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